Soja: Mercado em Chicago ainda segue em alta nesta 4ª, mas fundos acentuam volatilidade
11/05

Na sessão desta quarta-feira (11), o valente mercado da soja, após a disparada de mais de 50 pontos ontem, segue trabalhando em alta na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa, por volta das 7h50 (horário de Brasília), subiam pouco mais de 5 pontos, levando o julho/16 a US$ 10,89 e o agosto/16 a US$ 10,91 por bushel.

Os preços parecem ainda refletir os dados altistas trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os quais ajustaram as relações de oferta e demanda norte-americana e global. Entretanto, a volatilidade ainda é forte e as cotações, como já sinalizaram analistas, podem passar por correções, mesmo que sejam momentâneas.

O atual fluxo de negócios no mercado internacional da soja tem se mostrado tão intenso que, somente nesta terça (10), foram negociados mais de 280 mil contratos na posição julho/16. E esse fluxo deverá lidar, principalmente daqui em diante, com as informações diárias sobre o clima nos Estados Unidos e o desenvolvimento de sua nova safra, além da conclusão da temporada sul-americana.

“Os fundos acompanharão atentamente os passos dos produtores americanos e a evolução de plantio nos campos do meio oeste americano; acompanharão os boletins diários das Casas de Clima; aproveitarão qualquer notícia de demanda; ficarão no encalço dos chineses; monitorarão os estoques e a relação de moeda do Brasil e Argentina”, explica a analista de mercado da Labhoro Corretora, Andrea Cordeiro.

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

USDA ajusta relação de oferta e demanda e soja fecha com mais de 50 pts de alta em Chicago nesta 3ª

Os preços da soja explodiram na Bolsa de Chicago na sessão desta terça-feira (10). Depois da chegada dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que neste novo reporte mensal de oferta e demanda deixou o conservadorismo de lado, as principais posições da oleaginosa iniciaram uma trajetória de alta e encerraram o dia com ganhos de mais de 50 pontos. Assim, o vencimento julho ficou com US$ 10,85 por bushel, e o novembro, referência para a safra dos Estados Unidos, com US$ 10,67. Ambos os contratos, nas máximas do dia, bateram em US$ 10,91 e US$ 10,79, respectivamente.

O boletim apresentou, tanto com os números da safra 2015/16, como da 2016/17, uma relação mais ajustada de oferta e demanda e deu suporte para os ganhos registrados nesta sessão da CBOT, segundo explicam analistas, e mesmo vindo de encontro com as expectativas do mercado. Foi confirmada uma safra menor no Brasil, na Argentina e uma menor área plantada com a oleaginosa nos Estados Unidos na próxima temporada.

Outro destaque no cenário norte-americano foram os números da demanda, que subiram de forma bastante signficativa. Para o esmagamento, o aumento esperado é de 2,42% – de 50,89 milhões para 52,12 milhões de toneladas, enquanto as exportações deverão subir 10,56%, de 46,4 milhões, para 51,3 milhões de toneladas.

Para Ênio Fernandes, chamam a atenção ainda os números dos estoques norte-americanos de uma safra para outra, que é de 33,69%, passando de 12,11 milhões para 8,03 milhões de toneladas. “Os estoques da nova safra são menores e vão ajustar, portanto, os estoques de passagem para 28 dias, principalmente nos meses de definição da nova safra dos EUA. Dessa forma, isso trará muita volatilidade ao mercado nos próximos 70 dias, principalmente em um momento de weather market (mercado climático)”, diz o consultor em agronegócio.

Além disso, Fernandes ressalta ainda que, por ser muito mais sensível à realidade norte-americana, a baixa nos estoques dos EUA, a redução prevista para a área e as incertezas em relação à temporada 2016/17 no país, em função do clima, o mercado encontra mais suporte ainda no atual cenário. Porém, caso as coisas comecem a mudar e os números revertam sua rota, os preços podem sentir alguma pressão. “A orientação para o produtor brasileiro é de que ele acompanhe, diariamente, as previsões de clima nos EUA, são elas que vão direcionar, em boa parte,os preços da soja daqui em diante”, diz.

Veja os números completos e a comparação entre a safra atual e a nova nos EUA, Brasil e no mundo:

USDA Maio – Soja

Sobre os novos números da América do Sul, ainda para a safra 2015/16, o consultor acredita que, para a Argentina, corresponderam à atual realidade e que o USDA, de fato, contabilizou as perdas sofridas nos país ao reportar um número de 56,5 milhões de toneladas.

Já para o Brasil, acredita que as 99 milhões de toneladas estimadas são ligeiramente otimistas. Afinal, ainda nesta terça, a Conab trouxe seu levantamento mensal para a atual safra e corrigiu os números da oleaginosa para 96,9 milhões de toneladas, contra as 98,9 milhões do boletim de abril. O novo dado, inclusive, estimulou altas de quase 20 pontos para os futuros da oleaginosa antes da divulgação do reporte do USDA.

Leia mais:

>> EUA 2016/17: USDA estima aumento de área, produção e estoques de milho e redução na soja

Mercado Interno

No Brasil, as altas também chegaram. Com ganhos de mais de 50 pontos em Chicago, afinal, o avanço dos preços no mercado nacional eram inevitáveis. Somente nos portos, os ganhos passaram de 1%. O dólar, entretanto, acabou limitando os ganhos já que, nesta terça-feira, voltou a cair, perdeu mais de 1% e o patamar dos R$ 3,50.

No terminal de Paranaguá, a soja disponível subiu 2,98% para R$ 86,50 por saca, enquanto em Rio Grande foi a R$ 85,00, com ganho de 0,59%. Já no caso da oleaginosa da nova safra, a ser embarcada em março de 2017, as altas foram de 1,16% e 1,15%, para fecharem o dia valendo R$ 87,00 e R$ 88,00 por saca.

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

Cotações
Soja em Reais: R$ 78,50
Milho em Reais: R$ 32,00
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