Os futuros da soja na Bolsa de Nova York parecem operar sem direção nos últimos dias, e alguns fatores externos tem pesado sobre o mercado.
De acordo com o analista da Cerealpar, Steve Cachia, quando “o mercado está em inércia ele sempre tende a ceder”, e foi isso que aconteceu depois do recente atentado terrorista que ocorreu em Paris. “Com o ataque terrorista na França, os fundos especulativos assumiram uma posição de aversão ao risco e, com isso as commodities agrícolas acabaram sofrendo, talvez em um momento que poderiam entrar comprando, haja vista as noticias de exportações americanas fortes e China comprando bastante”, acrescenta.
Outro fator que pesou sobre os preços nesta semana foi à vitória da oposição nas eleições presidenciais da Argentina. O presidente eleito, Mauricio Macri, contou com apoio do setor rural se comprometendo a abandonar as restrições ao comércio vigentes há anos e abrir as portas para todo o potencial do cinturão agrícola.
Com isso no dia seguinte a eleição o mercado reagiu com queda na expectativa que os agricultores argentinos retomem a comercialização da soja que estava parada, no entanto para Cachia, esse reflexo foi pontual. “Temos mais produto disponível, o Brasil terá um competidor a mais, mas não será o temor que estava se falando inicialmente”, considera
No Brasil, os produtores não tem sentido tanto o impacto pela queda das commodities, pois neste ano os problemas político-econômicos elevaram a taxa de câmbio, e compensaram a desvalorização das cotações. Mas, principalmente nos Estados Unidos os produtores estão retraídos das vendas por conta da baixa remuneração da oleaginosa.
“Para 2016 temos que prestar bastante atenção porque esse cenário pode mudar. A situação política ainda é incerta, e tem gente que fala em taxa de câmbio abaixo de R$ 3,00 e outros abaixo de R$ 4,50”, alerta Cachia.
Outro fator importante para ser considerado é que nesta temporada a oferta está maior que a demanda, mesmo com a China importando grandes volumes. Nos Estados Unidos a colheita está praticamente finalizada, concretizando pouco mais de 100,8 milhões de toneladas, e no Brasil mesmo com os problemas climáticos os analistas trabalham com uma safra de 100 milhões de toneladas.
As notícias econômicas da China também afeta pontualmente o mercado da soja. “A demanda sozinha da China não é capaz de dar suporte para as cotações, porque nós vínhamos de ciclo de preços elevados e os produtores do mundo todo aumentaram a área, então hoje temos uma situação que a oferta é maior que a demanda”, explica o analista.
Diante desse cenário, Cachia considera que Chicago não tem espaço para novas quedas, e que a demanda deve continuar dando suporte para evitar maiores desvalorizações. Ainda assim, não devemos ter explosões de preços no curto prazo, “a valorização será gradativa”, afirma.
Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas