O mercado internacional da soja inicia uma nova semana operando em campo negativo na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa, por volta das 7h30 (horário de Brasília), trabalhavam com perdas entre 4 e 8,75 pontos nas posições mais negociadas na sessão desta segunda-feira. Assim, o contrato novembro/15, referência para a quase concluída safra norte-americana, era cotado a US$ 8,77 por bushel.
Hoje, o mercado recebe dois novos boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), sendo um deles o de embarques semanais que vai concluir o ano comercial 2014/15, e o outro, após o fechamento do mercado, semanal de acompanhamento de safras com a atualização sobre as condições das lavouras norte-americanas.
Paralelamente, ainda entre seus fundamentos, os traders acompanham o desenvolvimento do clima no Meio-oeste americano neste mês de agosto, que é o mais importante para a cultura da soja no país, e até o momento, poucas ameaças aparecem nas últimas previsões climáticas.
Além disso, há ainda as informações do mercado financeiro e, mais uma vez, o início da semana se mostra complicado. À espera de dados sobre as economias da China e dos Estados Unidos, as bolsas asiáticas recuaram novamente e as expectativas de analistas sã de que “a confusão sobre a direção da política nas duas maiores economias do mundo causaram turbulências nos mercados no começo da semana passada, com as variações mais fortes de preços levando investidores a buscarem portas de saída”, como noticiou a agência Reuters.
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Veja como fechou o mercado na última semana:
Soja fecha semana com alta de mais de 2% nos portos e no interior do BR com suporte do dólar
Apesar da semana turbulenta para os preços da soja no mercado internacional, o balanço das cotações no Brasil – tanto no interior do país quanto nos portos – ficou positivo. O suporte principal veio do dólar, afinal, a moeda americana já acumula um ganho superior a 3% no mês e 60% nos últimos 12 meses. Nesta sexta, a divisa subiu 0,91% e fechou o dia valendo R$ 3,5853, após superar os R$ 3,60 nos últimos dias e, na semana, acumular uma alta de 2,55%.
Em Rio Grande, a soja disponível subiu 3,62% e encerrou a semana com R$ 80,10 por saca e, em Paranaguá, o avanço foi de 2,63% para o último valor de R$ 78,00. Já o produto futuro manteve os R$ 75,00 no porto paranaense, enquanto subiu 0,91% no gaúcho, para encerrar com R$ 78,00/saca.
No interior, as principais praças de comercialização fecharam a semana com altas que variaram de 1,52% a 4%, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto aos sindicatos rurais e cooperativas. Em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, a saca de soja subiu de R$ 62,50 para R$ 65,00, enquanto em Campo Novo do Parecis/MT foi de R$ 59,50 para R$ 61,00 e Não-Me-Toque/RS, de R$ 66,00 para R$ 67,00.
Os negócios, porém, pouco evoluíram. Os ganhos foram insuficientes para estimular uma volta dos produtores brasileiros às vendas, uma vez que as últimas grandes operações realizadas foram em patamares que superavam o intervalo de R$ 82,00 a R$ 83,00 por saca nos portos. Ainda assim, o dólar mais forte frente ao real continua mantendo a soja brasileira mais competitiva frente à norte-americana, o que já pode ser refletido nos números das exportações nacionais dos últimos meses.
As altas da moeda americana, entretanto, continuam chamando a atenção no mercado brasileiro em função de seu impacto sobre os custos de produção. “Temos um custo que é considerado alto pelo mercado global por conta de vários problemas, mas temos alguns custos em que a alta do dólar não será refletido. Então, nem todo esse avanço do dólar será repassado ao produtor na forma de custos”, explica o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
E apesar de, nesse momento as margens estarem mais apertadas, principalmente para o produtor que ainda não fechou suas compras de insumos, Brandalizze acredita ainda que melhores oportunidades de comercialização estão por vir, com os preços podendo passar dos R$ 80,00 nos portos para a safra nova. “Isso dá renda para todos produtores das principais regiões produtoras”, disse.
O avanço das cotações nos terminais de exportação, entretanto, só não são mais expressivos porque, durante a semana, nas sessões onde os ganhos em Chicago foram mais significativos, o dólar cedeu, e vice-versa. A semana foi marcada por forte volatilidade e, assim, os negócios mantiveram seu ritmo mais lento.
Bolsa de Chicago
Em Chicago, a semana começou com baixas expressivas e terminou, nesta sexta-feira (28), com ligeiros ganhos entre os principais vencimentos. No balanço semanal, o fechamento foi negativo e as perdas das posições mais negociadas ficaram entre 0,11% e 1,33% e todos abaixo do patamar dos US$ 9,00 por bsuhel. O contrato novembro/15, referência para safra americana, US$ 8,85 por bushel.
O melhor humor do mercado financeiro aliado a boas informações vindas da demanda internacional favoreceram uma recuperação parcial dos preços e foram fatores que acabaram por amenizar a retração das cotações na Bolsa de Chicago.
Nesta sexta-feira, as bolsas chinesas subiram pelo segundo dia consecutivo após um tombo considerável no início da semana e motivaram ganhos não só nas cotações da soja, como em demais commodities e índices acionários.
Outro destaque da semana foi o petróleo, que também severamente pressionado pelo financeiro, perdeu o patamar dos US$ 40,00 por barril nos últimos dias, conseguiu se recuperar e fechou, nesta sexta-feira, com uma alta de mais de 2%, passando dos US$ 45,00 em Nova York.
Demanda – Na semana que terminou em 20 de agosto, os EUA venderam 1.325,8 milhão de toneladas de soja em grão, contra 830,8 mil da semana anterior. O número superou o intervalo de projeção dos traders, que variava de 600 mil a 1,050 milhão de toneladas. Foram canceladas 131,6 mil toneladas da safra velha e vendidas 1.457,4 milhão da safra nova. Ainda assim, o total acumulado da temporada 2014/15 segue superando as 51 milhões de toneladas. Os números são do boletim semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)
As venda semanais de farelo de soja também vieram fortes com 149,9 mil toneladas, contra 232,8 mil da semana anterior. Da safra 2014/15 foram vendidas 53,1 mil toneladas e da 2015/16, 93,8 mil. As expectativas variavam de 50 mil a 275 mil toneladas. No caso do óleo, as projeções oscilavam entre 0 e 30 mil toneladas e as vendas somaram 35 mil toneladas, sendo 17 mil da safra velha e 18 mil da nova.
Além disso, ainda nesta semana, o USDA trouxe três anúncios de vendas de soja em grão da safra nova que totalizaram 460 mil toneladas para destinos não revelados e que também contribuíram para um mercado mais sustentado na CBOT.
Negócios nos EUA
Os negócios nos Estados Unidos, atualmente, também apresentam um ritmo mais lento. Afinal, os preços praticados na Bolsa de Chicago já estão mais baixos do que os custos de produção praticados nesta temporada 2015/16.
E para Vlamir Brandalizze, esse poderia ser um outro fator de suporte para as cotações. “Com prejuízo, o produtor americano não vai vender. Ele também vai esperar preços melhores. Ele tem tempo, vai segurar a safra e forçar os preços para cima”, diz.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Iowa mostra que os custos totais de produção da soja transgênica são de US$ 10,98 por bushel – com produtividade de 45 bu/ac – US$ 10,96 com produtividade de 50 bu/ac – e US$ 10,81 – com produtividade de 55 bu/ac. Se for considerado o valor em dólares por acre, os números ficam em US$ 494,18; US$ 547,80 e US$ 594,82, respectivamente. Uma consultoria privada norte-americana, por sua vez, estima esse valor em US$ 10,86 por bushel, projetando um rendimento de 50 bushels por acre.
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Dólar – O avanço da moeda norte-americana, segundo explicam especialistas, vem, principalmente, depois da notícia da retração do PIB do Brasil no segundo trimestre de 2015 em 1,9%, indicando que o país entrou em uma recessão técnica. E a contração ainda veio mais acentuada do que as expectativas. Paralelamente, a cena política se agravou no Brasil com a chegada de perspectivas de uma possível volta da CPMF para reequilibrar as contas do governo.
Por outro lado, as expectativas sobre as ações do Federal Reserve em relação à taxa de juros nos Estados Unidos acaba mantendo os investidores pouco mais na defensiva à espera de mais informações. “A estratégia correta é de cautela, mesmo com o cenário local difícil”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano ao portal de notícias.
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